Nunca imaginei que escreveria e falaria tanto das nossas fragilidades emocionais e como o ambiente corporativo, nunca mais será o mesmo depois desta pandemia, mas não é pura resenha não, é pura realidade.

Ao ler a edição AGO/SET 2021 da revista Você RH – com o título: A Sustentabilidade Emocional, começando pelo Boletim Macro Gartner que se inicia na página 14 – Saúde em todos os níveis, mas que se estende com boas páginas para a atualização neste tema. 

Não quero falar mais do mesmo, e sim extrair a essência para refletirmos sobre o que está acontecendo com as pessoas e o que podemos esperar, relacionado ao trabalho, convívio social e a importância da geração de um novo ambiente corporativo, agora dividido, online e presencial, este último revela um grande desafio para os gestores, fazer com que os colaboradores se sintam bem, pertencendo e feliz, vai exigir alguns investimentos e mudanças.

A Sustentabilidade Emocional, eu acrescentaria: integrada – Saúde Física, Emocional e Ambiental, parece ser parte de um eixo estabilizador que merece ser compreendido, analisado e criar um conjunto de ações efetivas, que vão delinear o futuro da organização, mas por favor, preste atenção: um futuro real, promissor, pois sem plano, sem ação, esperar para ver, não é um bom negócio, é preparar-se para o fracasso.

Eu gosto de uma frase, que inclui no nosso e-book, lançado neste mês: O Complexo não precisa ser complicado. O assunto é complexo, mas tem soluções disponíveis que precisam ser acessadas.

Segundo a revista, o desempenho dos funcionários continua bom, ou melhor, do que antes da pandemia, bom sinal? Sim, mas por quanto tempo. Eles enfatizam, que estamos vivendo uma alta na produtividade perigosa, pois não se sustenta por muito tempo, a não ser que ações sejam tomadas.

Para manter o bem-estar dos colaboradores e o bom clima organizacional é preciso revisitar alguns conceitos importantes para a vida social humana:

1 – Força de Propósito: É preciso que os colaboradores façam a ressignificação do trabalho, sintam a sua importância e como o ambiente da empresa pode ser acolhedor em crises.

2 – O Remédio da Colaboração: A velha confiança está em alta, equipes em que as pessoas confiam umas nas outras, tem 37% mais chances de estar saudáveis, em comparação com times que precisam lidar com problemas constantes de relacionamento.

3 – Atenção ao Excesso de Trabalho: Recompensas e reconhecimento são essenciais, mas não são eles que vão ajudar a atenuar esta carga excessiva de trabalho, advinda do home office, não compensa os danos à saúde. Outros reconhecimentos poderão ser explorados, principalmente os relacionados diretamente a pessoa humana e ao seu meio familiar.

4 – De Olho na Autonomia: Segundo as pesquisas que a revista apresenta, 83% dos funcionários estão no limite ou acima do seu limite de trabalho.  Alertam para que os líderes e suas empresas, saibam que a autonomia de trabalho gerada na gestão a distância ou não, também contribuiu para crescimento do estresse e redução da segurança psicológica, é um efeito colateral. Nada vai substituir a orientação e apoio necessário.

Agora o que achei o ponto alto desta edição é com relação às narrativas de executivas de Recursos Humanos, que enfrentaram e estão enfrentando as suas próprias dificuldades de gestão da carga de trabalho gerada nesta fase. 

Ou seja, nos coloca no mesmo patamar que estão todos aqueles trabalhadores ativos, que colocam a sua energia a serviço dos seus objetivos profissionais, mas acabam por esquecer dos aspectos essenciais de saúde, como disse acima: saúde Integrada.

Degenerações cerebrais já estão no conjunto de consequências dos estresses, antes mesmo da COVID-19, mas sintomas neurológicos e neuropsiquiátricos já estão nos catálogos médicos como impacto causado, agora sim, por pessoas que adquiriram o vírus, portanto deve se levar muito a sério, e isto já impactou nos afastamentos de empregados e no aumento de abertura de vagas de emprego, para cobrir funcionários afastados ou mesmo que já desistiram momentaneamente dos seus empregos.

Pode parecer o apocalipse, mas outro dia, falando com um funcionário de uma empresa, ele me disse: Airton, eu ganho bem, mas não estou aguentando o desrespeito, falta de contato com a Liderança, de apoio, vou parar por alguns meses e voltar em outra empresa e serei mais seletivo.

Já éramos o país mais ansioso do mundo, segundo a pesquisa da OMS em 2019, depois da pandemia, segundo pesquisa da UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, revelou que 80% dos brasileiros sentiram-se mais ansiosos durante a crise. E somos o 2º país com mais casos de depressão, opa! Cadê o país do carnaval e do futebol?

O que chamam agora de nova sustentabilidade, centrada no emocional, tem como eixo principal a regulação do ambiente, o famoso clima, “o equilíbrio do que se quer com que se pode fazer”, dilema antigo, mas com nova roupagem, agora com a imposição do limite… parece que entre nós estamos descobrindo.

E num brilhante resgate do Psicólogo americano humanista Carl Roger, a edição traz os quatro pilares que embasam a vida plena, segundo ele:

1 – Abertura crescente à experiência: ser livre para viver os seus sentimentos.

2 – Aumento da vivência existencial: viver cada momento da vida por inteiro.

3 – Confiança crescente em seu organismo: respeitar sua intuição como sinônimo de respeitar a si mesmo.

4 – Funcionamento pleno: experimentar todos os sentimentos e ter consciência de si próprio.

Se a teoria e as citações não ajudarem na sua conscientização, talvez tenhamos que nos ater as realidades, isto mesmo, o que tem acontecido na sua organização que chama a tua atenção? Que não está muito normal?

Já sei, achou vários pontos, não deixe que as doenças se instalem, trabalhe preventivamente, diz Carlo Pereira diretor-executivo da Rede Brasil do pacto global das nações unidas e criador do Movimento Mente em Foco, que discute a saúde mental nas empresas.

Vamos reagir? Evitando aposentadorias precoces, grandes talentos experientes pendurando a chuteira antecipadamente, aumento dos afastamentos por Burnout, Depressão com D maiúsculo, TAG – Transtornos de Ansiedade Generalizada, absenteísmo em alta, etc.

Assinatura: Airton Camargo, é Psicologo, Coaching Executivo e fundador da Coaching & Education.


Airton Camargo
Airton Camargo

Formado em Psicologia pela Universidade Metodista, MBA - Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas, Especialização em Direito e Relações do Trabalho. É Psicodramatista e Terapeuta Organizacional, é formado em Coaching pela Sociedade Brasileira de Coaching, em Team Coaching pela Development Coaching, entre outros.​​ Há 35 anos trabalhando com Desenvolvimento de Gente em diversas empresas nacionais e multinacionais. É Consultor Sênior e Coach da Coaching & Education, Facilitador e Coordenador dos Programas de Desenvolvimento do Líder Coach.

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